domingo, 1 de setembro de 2013

Meu sobrenome é Portugal, mas eu não sou português


            Uma noite, eu estava acessando a uma rede social, quando me deparei com uma foto da minha tarde de autógrafos do meu novo livro, que fora postada pela minha adorável sobrinha.
            Imediatamente, compartilhei a foto e logo ela espalhou-se pela rede, sendo compartilhada por alguns amigos, entre eles, uma amiga muito querida.
            Assim que essa minha amiga compartilhou a foto, um amigo seu, que se chamava XX Portugal, escreveu que queria saber como eu era e como era o meu trabalho. Ao vê-lo na página dela, fiquei orgulhosa e resolvi entrar na página dele e enviar-lhe uma mensagem. Afinal, ele era português e poderia fazer o marketing do meu livro em Portugal!
            Enviei-lhe uma mensagem, contando sobre o meu trabalho como escritora e pedi que acessasse o site do meu livro, adicionando-o à página de meus contatos.
            O rapaz respondeu à minha solicitação e aceitou-me como sua amiga virtual. Assim que eu soube de sua resposta, contei a novidade a meu marido e a minha filha, que ficaram imaginando o meu livro em Portugal.
            Eu e o português continuamos a conversar, e como ele escrevia bem a língua portuguesa, senti-me feliz em poder corresponder-me com alguém do outro lado do oceano, e que escrevia a língua em sua legítima forma. Afinal, esse era o meu grande sonho como professora da língua: corresponder-me com alguém da língua-pátria.
            No entanto, uma noite, ao enviar-lhe uma mensagem, utilizei o pronome “tu” e o rapaz, educadamente, pediu que não o tratasse pelo referido pronome, já que ele não era português. “Como assim, não é português?” – pensei.
            O nobre rapaz explicou-me que era descendente de italianos e franceses, e que Portugal era seu sobrenome de origem judaica. Não me conformando com a situação, resolvi investigar melhor a sua página pessoal e vi que ele havia estudado numa universidade francesa e que era aposentado. Pensei “Não faz mal, afinal, ele deve morar em Paris!”.
            Conversa vai, conversa vem, o rapaz disse que estudava italiano, e eu disse que não falava italiano, mas sim espanhol. Ele, então, enviou-me um poema escrito em espanhol. Fiquei maravilhada, pois há algum tempo não treinava o meu espanhol!
            Após várias trocas de mensagens, comecei a perceber que o meu amigo virtual não morava na Europa, e arrisquei a temida pergunta: “Em que cidade você mora?” e ele escreveu: “Em São Paulo!”.
            Fiquei decepcionada! A minha esperança de ver o meu livro sendo lido na Europa havia se despedaçado naquele momento! Também quem manda não prestar atenção ao que lê! Pois apenas o seu sobrenome era Portugal, mas, infelizmente, ele não era português e tampouco morava em algum país europeu!
            Porém, o que importa é que, mesmo ele não sendo português e não morando na Europa, ainda somos amigos virtuais,e, recentemente, ele me disse que já foi professor e a cada dia descobrimos mais coisas em comum!

            Entretanto, devemos ficar atentos à comunicação, já que um equívoco assim pode trazer graves consequências! Não foi o meu caso, mas poderá ser o seu, amigo leitor!

Um comentário:

  1. Adorei este texto muito bom mesmo e interesante. Dez para trabalhar com os alunos... Parabéns e beijos

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